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"Abram aspas que eu quero postar..."

Atualizado: 11 de jan. de 2021

"UM DIA COM UMA GRANDE FAMÍLIA"

Mais uma produção literária de uma aluna nossa, cujo nome me pediu para não divulgar, publicada aqui, no Blog do Costão. Desta vez, o texto que o leitor irá apreciar faz parte do gênero “conto”, um dos mais difíceis de produzir e bastante apreciado pela maioria dos leitores. Tal preferência talvez se dê em razão mesmo de sua estrutura, digamos, “material”, cuja extensão, certamente, é mais concisa em relação ao romance e mais “farta” – se assim podemos nos expressar – à da poesia.


Se o leitor preferir, poderá ler UM DIA COM UMA GRANDE FAMÍLIA no formato PDF disponibilizado abaixo:


Leiam, comentem, compartilhem "Um dia com uma grande família", conto de uma de nossas "pupilas"...
Não se esqueçam, a autora é uma estudante, e qualquer comentário positivo será um estímulo ao seu aprimoramento artístico. Sejam generosos e contribuam para a formação intelectual de mais uma escritora sergipana.
 


UM DIA COM UMA GRANDE FAMÍLIA


A família era dada como estranha, e um tanto louca, mas exclusivamente os pais dessa família. Afinal, quem era os louco de terem tanto filhos “em um mundo como esse”? Mas eles são virtuosos demais para se importarem com a pobre opinião de pessoas mundanas e egoístas, que se compraziam em matar bebês em seu leito. Eles encavaram tais comentários com alegria, afinal, ser perseguido como Jesus é uma honra, mesmo que essa perseguição nada se compare pela que sofrida pelo Nosso Redentor.

Ambos realizam com zelo a função matrimonial de dá frutos e cultivá-los na fértil terra da Santa Igreja Católica Romana e Apostólica. O casal apaixonado, quanto mais próximo de Deus ficava, mais viviam como uma só carne, e viviam também a Igreja Doméstica da qual Jesus era o Sacerdote, que reina nessa humilde casa.

Com 21 anos de casados, o casal havia dado sete belos e bons frutos, número considerado perfeito na bíblia. Agora será listado por ordem de nascença, os filhos que esses tiveram (até agora):

Maria Madalena, a mais velha, de vinte anos, devota de sua padroeira, consagrada a Maria como seus pais e alguns de seus irmãos. Ama cuidar do próximo, tendo um carinho especial pelos enfermos. Por ser a mais velha, também é a mais madura e responsável dos sete, se esforça sempre para dá um bom exemplo ao mais novos. Havia passado em medicina recentemente. Sua vocação é a do matrimônio, estando noiva de um bom rapaz do interior.

Maria Francisca Teresa, de 19 anos, havia partido para estudar no exterior no ano passado, e estava muito interessada em um carmerlo, tendo a vocação religiosa assim como a sua Santa de devoção, da qual recebeu o nome. Ela é a mais bela das irmãs. Muitos consideravam um desperdício uma moça tão jovem e tão linda se isolar assim do mundo.

Contudo, se isolar dele é o que ela mais quer. Seu espirito anseia por repousar na paz de uma carmerlo, e o seu coração deseja ardentemente pelo seu Amor, só Ele. Nada mais ela queria senão ser esposa do Rei Jesus. Os prazeres do mundo nem se comparavam a ter uma profunda relação com o Cristo. Só quem experimenta sabe a alegria pura que vem de Deus. Qual era o desperdício de pertencer a aquele que é o Amor, a Vida, e a Razão de nossa existência? De rezar pelas almas? A beleza não é tão útil para o mundo quanto um bom caráter, a caridade, a bondade e a justiça.

Outra semelhança com sua Santa de devoção, além da vocação, é que ela também gosta muito de escrever poemas, e cartas, principalmente aquelas dedicadas ao seu Amado, no tempo livre que dispõe.

José, o primeiro dos garotos, de quase 17 anos, é um coroinha muito esforçado em sua função, devoto ao castíssimo esposo da Virgem Maria. Como todo José tem sua Maria, ela encontrará a sua. Virá Gemma pela primeira vez em um retiro de carnaval, e não demorou muito para que ambos se apaixonassem pela alma um do outro, e já planejam se casar após se formarem e terem condições para terem uma moradia e pagarem as contas. É consagrado. Ele também tem um grande talento para esculturas de argila (toda a família tinha pelo menos uma referente a algo da sua personalidade e/ou gosto), a maioria era vendida e o dinheiro destinado aos missionários na África.

O Quarto era o Tobias, também coroinha, admirado pelo sacerdócio, sendo essa possivelmente a sua vocação, todavia, ainda não tinha 100% de certeza. Sua idade é de 15 anos. Se consagrou junto com o seu irmão mais velho. Entrou em um grupo de oração após o fim da catequese para a crisma. Sua principal devoção é a São Pio. Seu hobbie preferido é cantar, junto com estudar a vida dos santos. As vezes ele também cantava na missa de domingo, ou na semana com outros coroinhas.

Maria Margarida, devota ao Sagrado Coração de Jesus. E só com 13 anos possui um desejo pelante de tão ardente de ser missionária na Ásia. Participava de um presidium juvenil da Legião de Maria desde o primeiro ano da catequese para primeira eucaristia. Ela ama realizar os trabalhos semanais, e os fazia tudo com muito ardor e esforço, como se fizesse para o próprio Jesus, na presença de Maria. Ama ler livros para a sua idade (na verdade, a família toda é amante do mundo literário, mas a Margi superava a todos), os quais a mãe escolhe a dedo, dançar e assistir filmes católicos com a família.

Esdras Faustino, de 10 anos, era o mais sapeca e apimentado de toda as 7 maravilhas. Ainda não tinha uma vocação definida. Devoto a Jesus Misericordioso e a Santa Faustina. Esperava ansiosamente para rezar o terço da Misericórdia com a família. E se não estivesse na escola, parava tudo que estava fazendo para rezá-lo, mesmo que fosse uma brincadeira muito divertida, ele a pausava para suplicar misericórdia dá própria misericórdia. Estava aprendendo tocar violão, e gosta muito de tocar junto com o seu irmão Tobias, mas diferente desse, era muito tímido par tocar na igreja (para deixar bem claro, ele só é sapeca quando se tem intimidade e confiança com a pessoa) se limitando apenas a tocar em família, ou em amigos próximos.

Maria Rosário da Conceição, nascida na véspera de quando se comemora o dogma da Imaculada Conceição, homenageado no nome da caçula da grande família. Além da devoção a esse dogma, pelo qual tinha uma grande afeição pelo Oficio da Imaculada Conceição da Virgem Maria, também é muito devota ao Rosário, o qual rezava com tanto carinho e devoção como se a própria Nossa Senhora estivesse diante dos olhos dela, pois, ela tem plena consciência que a Santa Mãe de Deus se faz presente nesse momento e em todos os outros. Ela rezava de tal modo que a família, com qual reza todos os dias, fica impressionada, e o pais muitos orgulhosos, pois sua filhinha de apenas de 7 anos reza com muito mais amor do que muitos adultos por aí, que muitas vezes só rezavam por obrigação, não por amor.

Deus a havia dado o dom do desenho. Ela os faz muito bem traçados para a sua pequenez. O melhor desenho que havia feito, era um de Nossa Senhora das Graças, que o pai havia mandado emoldurar e pregado no corredor onde fica os quartos. Ele sempre dizia a sua pequena que os desenhos dela sempre o deleitavam.

Agora, após falar dos frutos, nada mais justo do que falar das árvores (pois, se conhece a árvore pelos frutos, como nos disse Jesus), cujo caule e flores crescem juntos em direção ao céu. Sendo o pai o caule que sustenta a todos, fixa a árvore na terra, provem a seiva e os nutrientes necessários a todas as partes, zela e protege rigidamente a todos.

A mãe, ou as folhas, que recobre com amor, ternura e alegria a árvore inteira. Ela cuida de cada pequeno detalhe crucial. Capta a luz que é Jesus intercedendo por toda a família, a qual leva toda a energia, impendido que fraquejem diante do gelo do inverno e a seca do verão. Ela também é flor, que embeleza e faz frutificar,

O caule, ou melhor, Ronald, devoto fiel a St. Agostinho, casado a muitos anos com sua bela esposa (cujo nome logo-logo será revelado). Sua diversão em seu tempo livre, além de ficar com os amados filhos e a amada esposa é ler bons livros, com uma preferência maior aos livros espirituais. Tem como vocação profissional a engenhara civil, e trabalhando atualmente com essa mesma área. E mesmo tendo as tarefas do trabalho, nunca deixa de reservar um bom tempo para família e ajudar nas tarefas domésticas (os seus filhos também ajudam constantemente, para o alivio da esposa que geralmente ficava sobrecarregada com... Com o que?).

Acontece que, Anne, uma beldade de grandes olhos azuis, além de ser uma boa dona de casa, vende online artigos religiosos para incrementar a renda da grande família, que só tendia a crescer... Sempre fora direcionada a vocação matrimonial, com poucas oscilações de dúvidas, É exemplo de ternura, alegria, pureza, temperança, modéstia e paciência (tem que ter quando se convive diariamente com tantos jovens). Consagrada a Jesus por Maria, e buscava levar todos os filhos e o marido ao mesmo caminho. Muito se preocupa com a educação cristã dada pela Religião Verdadeira, que é o próprio Jesus.

Estando todos familiarizados com todos os membros dessa encantadora e firme árvore, será feita agora uma narração de um dia normal (será?) nesse ninho familiar de amor. E para uma melhor narração, chamaremos a caçula, Maria Rosário da Conceição, ou só Rosa, para nos contar o que veio a acontecer em um ensolarado dia de sexta, na sua própria perspectiva.

Olá, sou a Rosa, e como antes dito pela nossa habilidosa escritora ( ela que me pediu para dizer isso) desse conto (já muito grande na minha sincera opinião), irei narrar sobre o que aconteceu nesse dia que começou ao abrir os meus olhinhos em meu quarto divido com minha irmã Margi.

Mamãe acorda os mais novos às 7 horas, já que as 8 temos a nossa homeschool, que é quando ela nos orienta na fé. Gosto muito mais dessas aulas com mamãe do que as que tenho no colégio, mas ela me disse que tenho que ir mesmo assim, pois ter uma boa educação é muito importante para viver nesse exilio (palavra legal, né? Aprendi quando mamãe leu um texto escrito por St. Terezinha, minha irmã quase a mais velha é devota dela, ela é muito linda papai disse que somos muito parecidas, então provavelmente quando ficar mais velha, serei tão bonita quanto ela, mas como ela não me importo muito com isso. Mamãe disse que alimentar o nosso amor próprio e ceder a vaidades exageradas nos afasta de Deus, e eu amo muito Ele para deixar isso acontecer. Ela continuou falando que também é muito importante e necessário cuidarmos do nosso corpo, porque ele é templo do Espírito Santo, não sei bem o que isso significa, mas com certeza é algo sério).

A escritora falou que estou perdendo o foco, mas não sei o que é foco, então como posso perder algo que nem sei o que é e que tinha. Ahh, ela acabou de me explicar que significa que estou falando coisas que não são necessárias e que não tem nada a ver com o que o que deveria falar. Eu não acho que esteja fazendo isso, mas se ela diz, então vou voltar a narrar esse dia.

Só eu, Es e Margi (como nós os chamamos) somos acordados por mamãe. Ela chega de mansinho, faz carinho e chama bem baixinho o nosso nome, é tão doce o modo dela de nos acordar que nem tenho mais vontade de dormir. Os mais velhos estudavam sobre nossa fé por conta própria, já que mamãe os havia ensinado o que podia, e por isso podiam dormir até mais tarde, mais pouco aproveitavam isso, acordavam geralmente uma hora depois da gente, e podiam fazer o que quiserem na manhã. Não tinha inveja disso, gostava muito da minha rotina. Tobias era o único dos mais velhos que ainda, de vez em quando, se juntava a nós. Ele também é o irmão que mais tenho afinidade. Sou a protegida dele no colégio, fico com ele e os amigos no intervalo e ele não se importa nem um pouco, além de fazer questão de passear comigo e gosto muito de ouvi-lo cantar e tocar violão. Ele tem uma voz de anjo.

Mas, a minha confessora mesmo é a Mada, que sabe de todos os meus segredos e até os pecados, e juntamente com mamãe, ela sempre tira as dúvidas que entram na minha cabecinha.

Desculpa pessoas, a escritora falou que estou divagando de novo, o que deve ser a mesma coisa do que perder o foco. Não sei o que é estar divagando.

Bem, voltarei a narrar esse tedioso de tão normal dia, pelo menos por enquanto.

Ao acordar, cada uma fazia suas próprias orações para começar bem o dia com o Senhor, e quando íamos terminando corríamos para a mesa do café da manhã, na qual sempre tinha pão fresquinho que papai compra na padaria da esquina. Não gostava de pão morto, gosto dele vivinho. Mamãe me disse que pão não tem vida, mas então porque falam “pão morto”?

Estou tomando muito cuidado para não perder o foco, se é que já não o perdi. Queria saber onde é que ele se meteu, ou porque ele tanto se perde. Se eu o conhecer um dia, darei a ele um bom mapa. Acho que estou perdendo ele de novo. Ai ai! Que difícil essa vida de narradora.

Esqueci de falar que sempre escovamos os dentes antes de comer, porque nossa boquinha fica cheia de bactérias enquanto dormimos.

E quando finalmente nos sentamos a mesa, papai já estava arrumado para o trabalho, e muito cheiroso também. Demos a benção para eles, junto com beijinhos e um abraço.

A mesa do café da manhã, aos meus pequenos olhinhos, era muito farta, graças a Papai do céu. Mamãe sempre fazia bolos, variando os sabores, o desse dia era de baunilha, o pão bem vivinho de tão quente, queijo mussarela com presunto para acompanhar. E para beber tinha suco de laranja e um bule com leite quentinho, com opção de colocar achocolatado.

Humm... Que delícia!

Fiquei com água na boca, e acabei comendo um pouquinho de cada. Metade de um pão com queijo e presunto, e uma metade de uma fatia de bolo. Como sou pequena, meu estômago também é, então não consigo comer muito. E para melhor digestão bebi um copo inteirinho de suco geladinho.

Após tomarmos café, papai se despediu e saiu para trabalhar, mas não antes de beijar mamãe com carinho, arrancando de nós risadinhas,

Ajudamos mamãe a recolher a mesa, deixando o pão, a manteiga e o bolo para os mais velhos. Mamãe e papai fazem questão de nos dá “disciplina”, sendo que nós mais novos temos menos faltas a ela do que os mais, isso por causa da “rebeldia”, como nos disse mamãe, e também pela preguiça. Mas, a minha teoria é de que quanto mais você cresce, a energia do seu corpo vai diminuindo, até você fica velhinho sem energia alguma, ou se tiver é bem pouquinho. Porém, quando contei isso para o Es, ele falou que já tinha visto um idoso fazendo exercícios no parque e que ele parecia ter muita energia.

Ai, pessoas! A escritora meu deu outro puxão de orelha (não de verdade).

Eu estava narrando, ué!

Certas coisas precisam ser faladas e explicadas, se não essa narração ficaria muito chata, além que por enquanto não teve nada de diferente, ou alguma novidade. Tudo está muito monótono. Gostaram? Aprendi essa palavra com meu irmão José, ouvi ele falando essa palavra com a namorada e perguntei o que significava, e ele me explicou que era quando algo estava sendo o mesmo de sempre, deixando chato.

A escritora acabou de me dizer que se eu fizer isso de novo ela vai me trocar pelo Es. Então vou tomar muito cuidado para isso não acontecer, pois tenho certeza que sou bem melhor narrando do que ele. Não falo por maldade, mas como ele é um menino, não narraria as coisas de forma bonita e agradável como uma menina faria.

Bom, tenho que voltar a narrar, mesmo achando os meus pensamentos muito interessantes, e eu sei que vocês que estão lendo também devem estar gostando, que eu sei. Papai sempre diz que sou engraçadinha, e acho que ele tem razão.

Então, quando mamãe terminou alguns poucos afazeres com a nossa ajuda, ás 8 horas e ponto já estávamos reunidos no quartinho, que também é escritório de mamãe e papai, onde fica uma mesa ronda e branca, com cadeiras bem confortáveis da mesma cor. Havia um catecismo para crianças, e um outro amarelo e muito grosso que deve ser o de adultos, tinha um livro sobre a vida dos santos para crianças e o caderninho de cada um para fazer anotações.

Mamãe tinha esquecido a bíblia no quarto dela, então foi lá buscar.

Enquanto ela foi buscar, fiquei observando a minha linda irmã Margi, parecida com papai, enquanto eu pareço com mamãe. Ela é a mais velha de nós três como vocês devem saber. Ela não brinca tanto mais comigo e/ou com o Es. No início fiquei chateada, achando que ele não gostava mais de mim, mas mamãe me explicou que é isso que acontece quando as pessoas crescem, elas começam a se interessar por outras coisas, e não sentem mais vontade de brincar. Uma pena, eu mesma vou querer brincar para sempre de tão bom que é, não sei não sei porque os adultos conseguem deixar de brincar, por isso que eles são tão sérios e mal-humorados, menos meus pais, eles são muito bons e alegres, nunca gritam, nem batem quando fazemos algo errado, eles conversam conosco a parte para que não nos sentimos humilhados caso fizessem isso na frente do outros, diferente do que muitos fazem pelo que fiquei sabendo (um amigo meu me disse que se sente muito triste, humilhado e irritado, isso tudo de uma vez), eles nos explicam que aquilo foi errado e nos orientando para fazer o certo. Nem sinto mais vontade de ser má tendo pais tão bons, amorosos e carinhosos como eles.

Mamãe voltou com uma bíblia de capa dura muito bonita. A aula começou e aprendemos sobre coisas do catecismo, sobre o santo desse dia e meditamos uma passagem do evangelho. Por fim, fizemos uma pequena atividade. Achei a aula muito divertida. Ás 10 horas e alguns minutos depois todos já estávamos livres.

Todos os outros já estavam acordados. Mada estava lendo um livro da faculdade, dia de hoje ela só ia à tarde para faculdade. Outros rezavam, liam um bom livro ou assistiam. Eu e a Margi continuamos na mesa do quartinho desenhando.

Tobi parou de ler, e quando José terminou de rezar se juntou a ele e a mamãe na cozinha para ajudá-los no almoço. Ainda na minha idade não podia ajudar, já a Mada e a Margi faziam dupla e reversavam com os meninos para ajudar nas refeições. As vezes a Mada assumia totalmente a cozinha, deixando mamãe livre para ficar um tempinho com a gente, as vezes ela até brincava com a gente.

Não demorou muito para que a hora de se arrumar chegasse. A casa tem 3 banheiros, um no quarto de nossos pais, e os outros são do nosso uso. Um das meninas e outro dos meninos.

Mamãe ajudava Es a se arrumar e a Mada a mim por sermos os menores, e também parece que somos os que mais nos sujamos, e por isso o cuidado especial.

O almoço é as 12 horas e 20 minutos, quando papai chegava, nessa hora já estávamos praticamente prontos. Geralmente nós meninas demoramos um pouquinho mais, já que temos muitas coisas para ajeitar.

O almoço estava muito bom, foi macarronada com saladinha. Eu não gostava muito de tomate., mas mamãe diz que comê-los nos deixa mais saudáveis, o que é muito importante para vivermos bem. Então acabo por comer eles de cara feia, que é difícil de deixar de lado.

Mada fala também que isso é uma forma de mortificação, não entendi o que ela tinha dito, ela explicou que é quando fazendo algo que não gostamos ou deixamos de fazer algo que gostamos por um tempo, enfraquecemos até matarmos os nossos desejos carnais ( da carne, os naturais, que não são agradáveis a Deus, ela me explicou isso também, pois não sabia o que era) e a nossa vontade própria, e assim seriamos só guiados pelos espirito e a vontade de Deus. Achei isso muito legal e correto, por isso comecei a me mortificar habitualmente quando Deus me inspirava. No início foi um pouco complicado, mas depois mamãe começou a me auxiliar. Ontem mesmo comi só um pedaço do bolo de chocolate em vez de dois.

Ah não! A escritora disse que não me deixará mais narrar, parece que estou perdendo muito o foco. Ela está me tirando do local de narrar... Nãããõ... Es não narra tão bem quanto eu, e ele é muito sapeeeca, mamãe que disse.

Oi oi, galera! Ei! Eu narro bem também, e eu não sou sapeca... Tá, talvez eu seja um pouquinho, mas mamãe falou hoje quando me dava banho que eu estou bem menos já que estou virando um hominho. Eu quero ser um homão como papai.

Bem, agora que já vi o que a Rosa já narrou, estou pronto para continuar a narrar melhor que ela. Além do fato de eu ser três anos mais maduro do que ela.

Sem mais enrolar, voltaremos a narração onde minha irmã parou já que a escritora está me cutucando. Eu tinha achado que ela queria brincar, por isso a cutuquei de volta. Ela não gostou muito, pois fez uma cara feia e me mandou continuar a narração.

Almoçamos na hora de sempre, mas não antes de orarmos agradecendo ao Papai do céu pelo alimento que nos concedeu nesse dia. Durante o almoço conversamos e rimos um pouco também. Gosto muito desses momentos em família.

Minha família é muito legal!

Eu gosto também porque fico fazendo sapequices (como mamãe chama) e todo mundo fica rindo. Gosto de fazer as pessoas rirem. Deve ser um dom que Deus me deu.

Depois do almoço todos foram escovar os dentinhos (mamãe que me ajuda a escovar, mas acho que sou grande o suficiente para escovar sozinho, mas se ela insiste, não posso fazer nada). As meninas, como dito antes, são as que mais demoram para se aprontar, principalmente a Mada que se maquia, e quase sempre vai almoçar com a maquiagem pela metade, o que é bem engraçado. Acho essa coisa de maquiagem muito chato, uma vez maquiei Rosa e não achei nada divertido, além dela ter ficado bem feia, parecia uma palhacinha.

Às 12:40, papai começou a buzinar sem parar dentro do carro tamanho grande família para nos apressar (é como a gente chama ele, por caber todos nós). Amo ter uma família grande, quase nunca ficava entediado. Sempre tem alguém para fazer companhia e brincar, ou algum evento para ir, ou algo em família. Enfim, ter uma grande família é bem divertido.

Todos estudamos no mesmo colégio católico, que fica no mesmo quarteirão da paróquia que frequentamos, menos a Mada que já está na faculdade, e a Teresa que foi para o exterior.

Sinto tanta saudades da Teresa, ela é a que mais tem disposição para correr e brincar das brincadeiras “cansativos” que eu inventava. Além dela ser minha confidente, assim como a Mada é a da Rosa. Mas sempre ligamos um para o outro no privado, sem o resto da família. Ela sabe tudo o que sinto, meus segredos e preocupações, e nunca contou nada para ninguém, que eu saiba pelo menos, e se contou prefiro não saber, pois assim posso continuar a confiar nela sem uma pé atrás.

Sofri tanto quando ela se foi. Meu consolo foi achar que ela voltaria, mas agora ela não vai mais voltar... Ela vai se tornar carmelita, e eu ficarei aqui. Mas é a vontade de Deus que ela tem que seguir, não a minha e de mais ninguém. Mesmo assim dói muito vê ela partir.

Tobias também é um grande amigo, mas dos meninos José é de quem sou mais próximo, ele também brinca comigo, apesar dele sempre se cansar rápido e pedir para fazer algo menos cansativo. Conversamos muito também sabe, coisas de homem...ou meninos.

A escritora falou que perdi o foco. Achei que não perder o foco não era tão difícil assim... Entendo a Rosa agora.

No colégio não teve nada de legal, as aulas foram a mesma coisa de sempre, nada de interessante ou divertido. Mas a hora de recreio é a melhor parte, brinquei de pega-pega com meus amigos. Como eu era muito rápido quase nunca sou pego, por isso sempre começo sendo o pega, para ser justo com os outros.

Às três horas era bem vazia sem o terço da misericórdia, meu consolo era saber que a noite rezámos em família, após o terço mariano, e no final de semana no horário certinho.

Às 17:30 h mamãe veio nos buscar. Na verdade minha aula, e a da Rosa termina ás 17h, mas como os mais velhos saem nesse horário, mamãe vem sempre nos buscar nele. Mas eu gosto muito de ficar até mais tarde, brincando com meus amigos, e a Rosa também.

Ao chega em casa, a maioria vai fazer as lições de casa e/ou estudar (para ter a manhã ou o final de semana livre), alguns tomavam banho antes, eu não sou um deles, não gosto de tomar banho, então evito o máximo que puder.

Papai não demorou muito para chegar, e quando chega quase sempre vai ajudar a mamãe no jantar. Ele sempre diz que gosta muito de cozinhar com a mamãe, e a Margi sempre diz “Que romântico!” e dá um alto suspiro. Não entendo o que a de romântico nisso. Acho isso muito nojento, afinal, vou comer aquela comida “romântica” que eles fazem.

Ninguém tem uma rotina certa, mas posso resumir que, os que não rezaram de manhã, rezavam agora, outros tomavam banho, e estudavam. José é o que mais estava estudando, já que tem uma prova muito dá importante para fazer no fim do ano para entrar em uma faculdade, como a Mada.

Eu fiz logo minhas atividades. Ainda não fazia orações como os mais velhos, por ser mais novo, mas antes de dormir tenho uns minutinhos com Deus, rezava um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, Santo Anjo, pedia perdão pelo mal que fiz no dia, agradecia pelo o meu dia e fazia pedidos. Não passava dos 15 minutos, mas era muito bom. Geralmente eu fazia também uma ação de graças ao acordar, mas dificilmente fazia só.

A escritora disse que estou usando muito “mas”, então tenho que substituir ele as vezes por “porém”. Não sei porque, mas ela deve sabe disso mais do que eu, já que é escritora.

Mada foi a última a chegar em casa, por isso sempre volta sozinha de uber, pois papai acha perigoso ela vim de ônibus, ele até paga o motorista para a Mada não ter que gastar o dinheiro dela. Eu pegaria o ônibus sem problema, já que sou muito valente. Não tenho medo de nada.

Quando o jantar já estava pronto, mamãe e papai nos reuniram na sala para rezarmos os terços. Esse é um dos poucos momentos que fico quietinho, sem me agitar nem um pouquinho.

Após orarmos, cada um tomou seu lugar fixo na mesa, e começamos a jantar, a trocar ideias e falar sobre os acontecimentos do dia. É muito agradável está com eles, muito mais no jantar, do que no almoço, pois não tem pressa. Percebi que mamãe e papai não paravam de se olhar de forma estranha, pareciam nervosos, porém (como a escritora pediu) felizes e animados...

Em certo momento, ainda na mesa, Teresa nos ligou pelo telefone do papai e...

VOLTEI!! Consegui permissão para voltar gente! Demorou muito para a escritora (me pergunto se esse nome é mesmo dela, se não, qual será o verdadeiro) deixar.

Quero muito narrar esse momento, e tive que implorar muito para conseguir. Na hora que ela deixou, tomei o lugar do Esdras, que primeiramente foi o meu. Ele não gostou muito e está aqui buzinando nos meus ouvidos.

Pelo o que vi, ele até que fez bem a narração, não tenho muito do que reclamar, achei que ele ia arruinar a narração inteira. Dá até para achar que ele é mais dócil do que é na verdade, ele é muuuuito sapeca. Porém (ia ser “mas”, então lembrei do que a escritora havia pedido para o Esdras), ele não iria mostrar isso aqui, né.

Não falta muito para essa narração chegar ao fim...

Quando Teresa ligou, não demorou muito pare que nossos pais anunciassem que tinham uma grande novidade para nos contar. Todos, até mesmo Teresa se ajeitaram onde estavam, eu também, e esperamos ansiosamente em silêncio a novidade vim, que já não era mais tão surpreendente, pois era a oitava vez...

A família vai crescer!

Ou seja, não serei mais a caçula.

Gravei muito bem o discurso que mamãe fez para contar para vocês:

-Bom! Teresa não mora mais aqui conosco, e em breve se tornará carmelita, e Mada logo se casará. Então o pai de vocês e eu, resolvemos não tardar mais, já que nossa condição já permite. Enfim crianças, estou grávida!

Todos comemoraram, exultaram e louvaram a Deus, foi um feliz festim. Fiquei muito feliz de saber que teria um bebê em casa. Amo bebês. Talvez eu não seja mais a queridinha do papai, pelo menos não serei mimada demais, o que deve ser bom para minha alma. Santa Teresinha foi mimada também, e teve que superar isso.

Quando a animação cessou, todos terminaram de jantar e Teresa se despediu, mas a alegria ainda estava presente. Depois, cada um fez o que tinha que fazer, seja tomar banho, ou terminar de estudar, ou de fazer as atividades, ou uns poderiam até ter ido ler ou assistir.

Eu já tinha feito todas as atividades, por isso fui desenhar, e desenhei uma linda paisagem, e penso em dá o desenho para mamãe como presente pela gravidez.

Pouco antes de dormir, José fez chá para todo mundo, menos para os mais novos, para nós ele esquentou leite.

E não demorou muito para nós, mais novos e mais sonolentos por causa do dia tão agitado adormecêssemos (não antes da oração da noite). Já os mais velhos e nossos pais, ficaram assistindo um filme.

Quando mamãe e depois papai, um por um, nos deram um beijo de boa noite. Acabei falando bem baixinho para eles: “Obrigada por tudo, amo muito vocês, e estou muito feliz por ter outro irmãozinho”. Mamãe, sensível e amorosa, ficou muito emocionada, disse que também me amava muito e me apertou em um gostoso abraço. Já papai, ele sorriu e me deu um outro beijo demorado na testa, que era o mesmo de dizer que me amava muito também.

E depois, apenas dormir.

Foi esse o nosso dia, nada demais além da não tão surpreendente novidade, mas muito bem-vinda e alegre. Mas eu gostei muito do dia, não tenho o que reclamar, e mesmo que tivesse, me esforçaria muito para não fazer isso, mamãe diz que não é um hábito desagradável. Não sabia o que era “hábito, porém mamãe me explicou, e vocês já devem saber o que é, por isso não darei explicações (é assim que minha professora fala), e assim também não perderei o foco como das outras vezes. Acho que quase não perdi o foco agora, né?

Estou muito feliz de ter narrado para vocês, e espero muitíssimo que tenha gostado. Esdras disse que também gostou muito. Espero vê-los de novo em bre...

Olá. Eu sou a escritora, não me apresentei antes pois não achei necessário, todavia, fui tão citada que resolvi cumprimenta-los.

Tomei a palavras antes dessas crianças falarem em abundância. Bom isso é uma lição que tive que aprender. Na próxima vez, se assim meus caros leitores quiserem, chamarei um dos mais velhos, que devem ser mais objetivos no assunto. É o que espero pelo menos.

Espero que tenham gostado de conhecer essa nem um pouco peculiar família como muitos acham ao olhar de fora dela. Devo dizer, que na verdade, esse adjetivo serve apenas para o tamanho comparado com o de outras, mas é na verdade uma família normal e feliz.

Vejo vocês em uma próxima vez.

Adeus!

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